segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Inconstancia

Penso agora no que eu deixei passar, todos esses dias, penso em tudo o que eu posso perder se não agir, penso no que ela gostaria, perco-me em devaneios, pensando nela, pensando no que eu gostaria, no que ela gostaria.

Os problemas que me surgiram, encararei com desconfiança, procurando sempre um novo motivo, e sei que encontrarei, para me apaixonar.

O pesar em meu peito, sufoca-me nos dias em que passo longe de tudo, dias livres que me sinto preso, preso por uma saudade imensa, sem poder me safar!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

As Folhas - Parte 02


Pensando bem, este talvez tenha sido o maior erro de minha vida. Enquanto vejo árvores correndo contra minha janela e ouço o som do maquinario do trem, lembro de cada instante, lembro de cada sorriso e revivo cada lágrima derramada.

Alice se foi a três meses, afirmo com toda a certeza que foram os piores dias de minha vida. E graças à algumas cartas que ela havia enviado-me consegui aguentar, sem esquecer de algumas doses, não recordo-me quantas, de téquila para afugentar o ódio que percorria-me a alma.

Parecia simplesmente que eu não estava vivendo, que era mais um no mundo que estava ali apenas para ocupar espaço, isso fez com que me tocasse, eu não poderia ser verdadeiramente feliz sem saber o que ela sentia sobre minha pessoa, foi então que minha alma tomou um decisão importante, eu precisava falar-lhe um última vez, contar-lhe todo o intimo de meu ser para que assim eu esteja convicto de que tudo que eu poderia fazer já estava feito e eu conseguisse seguir sem arrependimentos.

Em uma carta que ela havia me enviado, lembro de ter lido um pouco sobre esse tal pretendente, um rapaz chamado Carlos, eu nunca o tinha visto ou se quer tinha o conhecimento de que esse individuo existisse, mas mesmo assim ele era odiado do fundo de meu coração, um ódio tamanho que não há como eu explicar em poucas linhas. Foi neste momento que me veio de fato a decisão de que eu deveria ir ter com ela um último encontro, tendo aquela visão dos dois se encontrando e dando-se estranhamente bem não me saia da mente.

Alguns dias foram precisos para que todos os preparativos da viagem estivessem terminados, afinal eu não poderia partir de imediato sem nenhuma explicação, afinal eu tinha familiares próximos e amigos, eu inventara uma desculpa de que precisava estudar algo para me tornar um bom cidadão ou profissional, nada que não passasse de uma desculpa desvairada para encontrar-me com aquela garota, mulher, já não sei mais, o meu amor!

De fato não era nenhum segredo de que eu estava indo para a cidade, Alice mesmo já tinha conhecimento, o que ela não fazia a menor ideia era que eu chegaria para ficar. Ao que parece ela gostara da notícia de minha ida, pois se oferecera para me apresentar a cidade e a me busca na estação, junto com seu primo, Francisco. Eu lembrava dele, já estivera lá no lugarejo que eu chamava de lar, ou melhor, o lugar de onde eu descendera, pois meu lar agora era a cidade. Eu até que gostava do guri, era boa pessoa, mas o que mais me alegrava era a ansiedade de me reencontrar com Alice depois de tanto tempo.

Seu rosto me passava pela lembrança, eu estava quase chegando, cada segundo me deixava mais perto dela, perto da paz, e eu queria paz, a muito que não tinha um belo sonho, a muito que eu não dormia uma noite inteira

Enfim chegara, até que era uma bela estação, o sol de fim de tarde proporcionava uma bela atmosfera, parecia um lugar mágico, com as folhas levemente avermelhadas, folhas essas que já estavam começando a se renovar, o outono chegara em seus últimos dias, uma nova estação estava chegando, e com ela uma nova fase de minha vida, que espero seja tão linda quanto este cenário.

E lá estava Alice, esplêndida em seu vestido branco, cheio de detalhas e tão gracioso, combinava estranhamente com ela, aquele ar de simplicidade, o que era impossível de acontecer com qualquer outra pessoa, ao menos nenhuma outra já alcançou tamanha beleza para mim.

O Chico estava lá também, até que o guri cresceu bem, já estava se tornando um homem, é alto e aparentemente forte, seu rosto sincero demonstra que é alguém que valha à pena confiar, nunca fomos muito amigos mas eu ficava feliz em conhecer mais alguém nessa cidade.

Cumprimentei-os e seguimos andando, conversando e rindo, falávamos de várias coisas, muitas sem sentido, apenas o bom falar de besteiras no reencontro de velhos amigos, eu já começara brincando com o Chico ali também, aparentemente teríamos uma boa relação. E eu estava simplesmente feliz por a ter ao meu lado, e ela também estava bem feliz, foi inevitável mas passou por minha mente, ou melhor tomou minha mente o pensamento de que ela estava feliz por minha chegada, não o sentimento típico de alguém que reencontra um bom amigo, mas alguém que reencontra um amor, tá, eu tinha quase certeza de que estava imaginando coisas, mas mesmo assim este sentimento foi o suficiente para que eu ganhasse o dia.

Resolvemos parar e comer algum coisa, Chico se ofereceu pra ir comprar alguma coisa e disse que não aceitava um não como resposta e saiu correndo, de fato uma boa pessoa, bem educado, eu soube naquele momento que eu poderia contar com ele quando fosse preciso.

Ficamos então a sós, estranhamente o dia parecia ter ficado mais cheio de vida, eu e ela, um sonho novo realizado talvez, conversamos um pouco mais e ela resolveu falar sobre o seu pretendente e após algumas falas me falou: "Eu o amo!".

Francisco estava chegando, mas para mim o sol tinha acabado de se por, as árvores estavam tão secas e mortas, a vida começava a abandonar-me e senti-me estranhamente só naquele momento, mesmo estando em um parque repleto de pessoas.