sexta-feira, 15 de julho de 2011

Em Um Lugar No Inverno Tudo Aquecia

O inverno tinha chegado de vez, e com ele veio aquele frio típico, para não bastar eu havia resolvido alugar um chalé numa cidade do interior do estado, onde havia um famoso festival músico-cultural, amado por muitos. Existiam uns dois ou três shows que eu gostaria de presenciar mas nada demais.

Até que era uma cidade bem bonita, bem organizada, flores coloridas enfeitavam a paisagem, turistas vindo de todos os lugares para prestigiar o festival, até que o fluxo de pessoas era bem grande na cidade. Eu estava passeando pelo centro, a procura de algum chocolate quente para esquentar, achei e junto com ele encontrei um amigo, que morava na cidade, ele perguntou onde eu iria ficar e eu disse que tinha alugado um pequeno chalé um pouco afastado da cidade, mais calmo, e conseqüentemente mais frio, mas era um bom local.

Fiquei conversando com ele alguns minutos e depois voltei para meu chalé, para me preparar para a primeira noite do festival. Estava só, mas com certeza encontraria vários conhecidos naquele lugar, por isso fui despreocupado, mas foi algo mais surpreendente do que eu poderia esperar, eu encontrara uma pessoa que eu não via a muito tempo, uma querida amiga de infância.

Foi uma surpresa maravilhosa, Sam estava linda, sua pele morena, bem em sintonia com o seu agasalho, ficamos conversando, sentamo-nos em um bar, um pouco mais afastado do palco principal, para podermos conversar tranquilamente, falamos do que tinha acontecido nos últimos tempos, colocando o papo em dia, lembrando de fatos de nossa infância, que hoje tínhamos vergonha, mas que era bom lembrar, aquele gosto nostálgico vinha-nos a mente.

Fomos juntos para um dos palcos, mas no caminho alguém esbarrou na gente e derramou bebida em Sam, manchou sua vestimenta, e como ela tinha ido apenas para ver os shows não tinha pra onde ir, não podia ir para a casa de uma das amigas dela porque ela provavelmente não encontraria ninguém em casa, deviam estar todos na festa. Levei-a então para o meu chalé alugado.

Lá, enquanto ela tirava a roupa molhada, eu estava na sala ascendendo a lareira, este fora um dos motivos principais de eu ter escolhido aquele chalé e não uma casa normal, pela janela ainda dava para escutar, ao longe, a movimentação nos palcos, mas era melhor ficar com a janela fechada para o calor não escapar.

Ela voltou vestindo uma blusinha branca, colada, e seu jeans, mas como o ambiente estava quente estava bem, ficamos ali conversando, até que eu lembrei de um vinho que eu tinha comprado pra esquentar, ficamos naquela sala aconchegante, começando a soltar pequenas indiretas e investidas singelas, e o clima foi esquentando, fomos chegando mais perto um do outro, começando um contato físico.

Interessante o que algumas taças de vinho e um desejo retraído podem causar na gente, pequenas descargas elétricas percorriam o local em que ela me tocava, enquanto eu mordiscava sua orelha, de leve e descendo para seu pescoço, os pelos de seu corpo arrepiaram com o roçar de minha barba, uma respiração ofegante de ambos preenchiam o ambiente.

Não importava mais o frio latente, estávamos quentes, o ar ao nosso redor era agitado, as gotículas que o ar quente formava nas janelas, embaçando-as era definitivamente surpreendente, nós dois ali, isolados do resto da cidade, em total sintonia com o mundo ao nosso redor, e até alem, de um modo sensacional, divino, era incrível como duas pessoas poderiam alcançar o sublime de forma tão natural, sem forçar, sem mentir, sendo honestos com seus sentimentos, desejos, e principalmente com seu parceiro, podia ser apenas um momento, mas naquele instante, onde nada mais importava, o mundo era belo.

Tudo foi mágico, nada duraria para sempre, nem sabia se a veria depois daquilo, então resolvi apreciar cada segundo ao seu lado, suando e falando suavemente em seu ouvido, conversando horas a fio embaixo das cobertas, colados um ao outro, falando sobre tudo, sem restrições nem barreiras, antigos amores, mas não tocamos em nenhum momento sobre nós como um “amor” isso não era importante, o momento sim, era perfeito.

O sol já ia nascendo, talvez não tão brilhante como tínhamos sido anteriormente, principalmente naquele em que tudo sumiu do mundo e dois corpos ascenderam ao infinito de constelações, caminhando ao lado de antigos heróis e deuses, para depois voltarmos para nossos corpos e descobrirmos como um abraço era perfeito.

Duas ou três garrafas de vinho haviam simplesmente esvaziado, e uns lanches que eu tinha espalhado em minhas malas tinham acabado, estava longe de ser uma refeição perfeita, mas era o que precisávamos naquele momento, e depois de tudo parecemos que precisávamos de tudo outra vez, mas Sam precisava voltar, tinha uma carona esperando, de lá ela iria para longe, outro estado, se encontrar com familiares, passar o fim das férias com um parente distante, poderia ser o nosso fim, mas não importava, foi um inicio, meio e fim, alucinantes, que valeram cada momento de meu ser.

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